Assédio Moral nas Organizações

Assédio Moral nas Organizações
transformação cultural

O assédio moral pode estar presente em diferentes tipos de relações interpessoais, incluindo no ambiente de trabalho. E está diretamente atrelado ao objetivo de humilhar, e desprezar a vítima, até que a situação se torne insustentável para ela.

Quando ocorre, busca desestabilizar a vítima, pois gera danos psicológicos e, a dependendo da intensidade, pode causar danos ainda mais graves.

Esta situação acaba corroborando para a criação de um risco invisível à saúde física e psicológica da vítima, por ser uma violência imperceptível e perversa, leva ao adoecimento e, em alguns casos, até mesmo ao suicídio de quem o sofre.

Como ocorre?

O assédio moral pode acontecer de diferentes maneiras, sendo normalmente relacionado a alguma relação hierárquica, como de gerente e subordinado, profissional com mais tempo e profissional com menos tempo, entre outros.

As atitudes são diversas, mas todas possuem por intuito destratar a vítima sem um motivo concreto ou plausível. A vítima muitas vezes se vê sem opções de sair da situação, por medo, por não saber como agir ou por falta de apoio.

Essas atitudes são muito variadas, podendo ir de gritos, gestos grosseiros e obscenos a comportamento hostil, intolerância, perseguição sistemática e mesmo violência física. Tudo com o fim de desestabilizar emocionalmente a vítima, destratá-la e ridicularizá-la publicamente. 

Muitos acabam tolerando o assédio por receio do desemprego, além das acusações e a atribuição de apelidos depreciativos ou constrangedores, prática muitas vezes disfarçada de brincadeira.

Dentre as condutas mais praticadas, estão:

  • Dificultar o trabalho;
  • Culpar por erros imaginários;
  • Exigir trabalhos urgentes sem real precisão;
  • Sobrecarregar de tarefas;
  • Estabelecer metas abusivas;
  • Restringir as pausas para refeição e/ou necessidades fisiológicas;
  • Fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto em público;
  • Ameaçar e/ou insultar;

Quando ocorre?

O assédio moral ocorre quando o colaborador o experiencia em sua rotina de trabalho e/ou quando é exposto às situações descritas no tópico anterior em situações específicas.

O assédio moral começa, normalmente, em casos de discriminação por gênero, raça, sexualidade, entre outros preconceitos. No entanto, qualquer pessoa pode se tornar uma vítima.

A maneira mais comum do início do assédio é por meio da hierarquia, onde há um abuso de poder para executar e manter a violência. Por isso envolve, normalmente, o temor de perder o emprego caso reaja e/ou denuncie o seu assediador.

Causas e Consequências

O motivo mais comum pelo qual o agressor persegue sua vítima é com o intuito que ela se demita, por não conseguir lidar com a pressão da situação em que se encontra.

Outra razão frequente no cenário atual é a exigência das empresas por resultados em tempo decrescente, e isso incita os líderes a pressionar de maneira excessiva seus subordinados.

O fato pode também acontecer devido à recusa da vítima, geralmente mulher, diante de um assédio sexual do agressor, que passa a persegui-la de maneira exagerada e a colocando-a em situações humilhantes, passando se caracterizar como assédio moral.

Todos os envolvidos são afetados, direta ou indiretamente, mas o principal é sempre a vítima, impactada por consequências diversas, como:

  • Dores variadas (como dores no corpo, dor de cabeça, entre outras);
  • Pressão alta;
  • Depressão;
  • Síndrome do Pânico;
  • E, em casos mais graves, pode mesmo levar ao suicídio.

Além de todas estas consequências, o assédio traz enorme medo, ansiedade e sentimento de culpa.

O sofrimento acaba com a criatividade do profissional e pode comprometer sua memória. É bom reforçar que isso não acontece por fragilidade da pessoa, mas é uma consequência normal da situação em que se encontra.

Os sinais visíveis variam bastante. Por exemplo, alguns podem engordar e outros emagrecer em demasia e sem motivo aparente.

A empresa também pode ser afetada com casos de assédio moral. Pode ocorrer um aumento de erros, maior rotatividade de funcionários, menor produtividade e lucratividade, o desenvolvimento de um clima organizacional ruim, desmotivação, entre outros fatores críticos causados pelo assédio moral nas organizações.

Atualmente, existem algumas leis que já defendem o assediado e na constituição federal existem mesmo alguns artigos para defesa do assediado, mas ainda se precisa de muito estudo, além da burocracia da jurisprudência acabar fazendo com que a vítima desista de ir em frente com o processo de denúncia.

teamhub gestão de cultura

Recursos Humanos para controle do assédio

É imprescindível que as organizações estejam preparadas para identificar a prática do assédio moral e trabalhar para controlá-lo.

É necessário que a empresa tenha ciência da complexidade do assunto e da necessidade de trabalhar para desenvolver a organização e os colaboradores para prevenção do assédio moral.

Primeiramente, é necessário entender a definição de assédio e saber as diferenças entre conflito e assédio moral. Também é preciso saber como ele se desenvolve e realmente se caracteriza, para assim construir uma administração eficaz na empresa.

Em um conflito interpessoal, as diferenças/discussões ocorrem de maneira aberta, as partes conseguem discutir o ocorrido de maneira simétrica e pode acontecer por diferentes causas na rotina de trabalho.

Já o assédio pode ser identificado por comportamentos mais agressivos e prejudiciais, além de possuir características diferentes de um simples conflito cotidiano, onde a vítima não possui voz.

Com isso, cabe à empresa ter ciência e discernimento para avaliar até onde um conflito é comum e a partir de que ponto se torna assédio moral.

Diversas ferramentas podem ser utilizadas para o controle do assédio moral, como palestras, workshops e cursos informativos. Outra alternativa, é o investimento em treinamentos para o desenvolvimento da comunicação e de trabalho em equipe dos colaboradores.

Os profissionais de Recursos Humanos, assim como todos os envolvidos na gestão estratégica, precisam estar atentos com o cotidiano da empresa, para conseguirem intervir de maneira adequada quando houverem casos de conflitos e, quando for preciso, tomar medidas drásticas para a solução do problema.

É interessante o desenvolvimento de um código de ética íntegro e humano, com diretrizes embasadas legalmente e que concorde com os valores da empresa e de todos que façam parte dela. Assim, pode-se certificar haver ética no exercício das atividades e no relacionamento dos colaboradores. 

O mesmo deve ser divulgado e estar à disposição do colaborador. Além disso, é bom que a empresa disponha de um comitê de ética ou de compliance, cujo objetivo é ser um meio de comunicação entre os colaboradores e a empresa importante.

O comitê deve ser independente, para que assim desenvolva sua função com imparcialidade. É o responsável por atender o código de ética e receber denúncias dos colaboradores, de forma anônima ou não, questões que violem a ética e a integridade de cada um e da empresa como um todo. A forma de entrar em contato com esse comitê deve ser simples, divulgado e disponibilizado a todos.

A partir de suspeitas e/ou denúncias de condutas de assédio moral, a atuação do comitê com a área de Recursos Humanos, deve conversar com a vítima, para conseguir compreender o que está sendo relatado e, se for preciso, oferecer orientações acerca dos próximos passos a seguir, por causa de uma das formas de assédio moral, aquela ocasionada inicialmente por um superior.

Além disso, é válido permitir que o agressor denunciado exponha seu ponto de vista e sua defesa, já que é possível que o assediador não tenha dimensão dos seus atos. Ademais, esse passo é importante pela igualdade como pessoa e para simplificar o entendimento da situação pelo comitê.

Posteriormente, deve-se verificar a veracidade das informações, e, caso o assédio seja comprovado, o comitê deve agir e solucionar a situação de forma imparcial, de acordo com seu código de ética.

No Brasil, a maioria das empresas ainda assume uma postura de fuga diante das vítimas. Essas organizações não assumem a possibilidade de serem responsáveis e muito menos que há assédio em seu meio.

Esse é outro ponto a ser trabalhado nas organizações. Após este processo, cabe à empresa prestar apoio à vítima de todas as maneiras que conseguir, mesmo se estiver em condições de continuar a desenvolver sua função ou não. Esse apoio é necessário para a vítima e para a sua recuperação, e é assim que deve ser encarado pelas organizações.

Conclusão

O assédio moral, mesmo que seja um assunto muito discutido nas organizações e nas relações humanas e os estudos terem avançado de forma significativa nos últimos anos, ainda falta muito a ser debatido e aplicado pelas empresas.

O assunto também precisa de divulgação e esclarecimento para o público fora das empresas, já que o assédio moral pode também ocorrer mesmo fora delas. Assim, o público pode estar preparado e ter conhecimento sobre o assunto para saber como prosseguir.

O combate do assédio das organizações, é papel de todos a contribuição para poder existir um bem comum. Sabe-se que uma organização se dá por uma combinação de esforços para alcançar um objetivo em comum e isso deve continuar a ser trabalhado continuamente.

O desenvolvimento das relações humanas é um estudo que é renovado diariamente, as empresas, e todos, precisam acompanhar esse crescimento.

Papo de Cultura Podcast
(Visited 45 times, 1 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *